O que poderia levar um advogado com 10 anos de profissão escrever sobre educação financeira de crianças e adolescentes? É uma dúvida que permaneceu na minha cabeça durante algumas semanas antes de decidir me lançar neste desafio.
Confesso que tentei elaborar teses bem fundamentadas, porém, a resposta era muito simples. Antes de ingressar no curso de Direito, a minha primeira opção era Economia, mas, por influência do meu pai (como na música do Nando Reis), acabou me convencendo a cursar a faculdade de Direito. O divórcio com a Economia foi longo, mas acabamos nos reconciliando, como aquela paixão eterna de verão, e agora, vivemos um triângulo amoroso na mesma concepção do filme Vicky Cristina Barcelona de Woody Allen. Quanto a escrever sobre educação financeira de crianças e adolescentes, o que me induziu foi o nascimento do meu filho Leonardo, hoje com 01 ano e 05 meses, me fazendo refletir sobre quais ensinamentos devo transmitir para ele ser um adulto feliz.
A relação saudável com o dinheiro é imprescindível para construir um futuro feliz de uma criança. Vou até mais longe: de um país. No exercício da profissão de advogado, já vi relações conjugais, familiares, de amizade e empresariais serem destruídas em razão do comportamento distorcido com o dinheiro. E este é o papel principal da educação financeira, estabelecer uma ligação saudável e duradoura com o dinheiro, prevenindo a ruptura abrupta de relações sociais. O meu desafio quinzenal será oferecer bases aos formadores de opinião de crianças e adolescentes (leia-se pais e mães biológicos ou sociais), a fim de que possam fundamentar suas opiniões e comportamentos quando forem conversar com os pimpolhos sobre dinheiro.
Em uma sociedade baseada na premissa do consumo logo existo, a ausência da educação financeira na formação de crianças e adolescentes poderá acarretar no surgimento de adultos frustrados, com graves problemas comportamentais. E isso nenhum pai ou mãe deseja ao seu filho. Mesmo que o seu filho já esteja na adolescência, onde a tensão com o dinheiro fica mais aparente, existem inúmeras oportunidades para ajustar o ponto de largada (em breve falaremos sobre o chamado Teorema da Largada de Tim Harford). Mas lembre-se: o começo sempre tem um preço.
